quinta-feira, 8 de maio de 2008

Lisboa

Percorro noite fechada
curvas rápidas
de vielas
e becos sem saída
do teu corpo
minha noiva de sal
flores e pó
quando a chuva repentina
cair toda de uma só vez
ao deixar-me novamente
num café prisioneiro
mais as sombras
que mordem a cidade
e já tiveres dado
cabo de mim
quase snobe
quase peralta
quase mulherengo
que nessa hora
de eu voltar a casa
um fado vadio
nos junte as cicatrizes
e esse céu de prata tocar
à flor da minha pele
me não limpe
da gordura das tuas
calçadas.


Hugo Roque