o quase silêncio, por fim.
transparente, a vidraça sobre a urbanidade
de espaços intermédios que não a atravessam
lugares como aquários
onde se dispersa a vida entrecortada
dos que, do lado de lá deste outro espaço a preto e branco,
se articulam nas passadas vorazes do dia-a-dia.
o quase silêncio, por fim.
transparente, a vidraça sobre o desalinho
das vozes intermédias que não a atravessam
curvando o lugar e as tonalidades
ao claro-escuro branco e negro
cinematográfico suporte das mais abstractas ligações
boca-de-cena de tão grande inquietude
aberta sobre a cidade.
estão sentados e não se olham
a mesa é branca sobre o perímetro negro,
um caderno aberto, um copo de água.
uma mulher olha o lado de lá da
transparente vidraça
o quase silêncio, por fim.
Cláudia Santos Silva