sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

foi de luanda que te escrevi quando me embriaguei no passeio carregado de palmeiras
riscado nesse mar em forma de baía perdida.
e de luanda embriagado conheci a morte de que te falei,
sabendo que te abandonarias convulsivamente ao meu desespero.
da morte, os meus olhos na tua lembrança afogados nada podiam cativar
com excepção de uma dor execrável
que me amarfanhava a alma, arrastando-me por gestos fedorentos,
como se já dela estivesse possuido,
como se nada para além dela pudesse encontrar.

( aqui, olhando o mar, rompo-me em busca do teu retrato:
esvaira-se a minha voz no cio das noites e, sedenta,
une-se ao uivo dos cães famintos para saber como te vislumbrar.
a tarde não é pouca quando caminho na cidade
e se te vejo coro como todas as árvores carregadas de flores em janeiro bravo
nessas outras ruas dessa outra cidade por onde te sei a vaguear. )

e quando imagino o teu abraço no afugentar da tarde,
no assombrar da morte,
a cidade encharca-se de noite para que te possa amar.


Cláudia Santos Silva