é fácil imaginar-te
um anjo de asas erectas e olhar de pássaro entristecido,
olhar de ave tomado pela morte rapina,
aí, quedo na colina serena e crua do tempo
que já não existe.
é fácil saber que me observas,
qual fuste branco de cal viva,
preso pela minha memória,
à espera que esta se imobilize, envelhecida,
e te permita, enfim, repousar
sobre o esquecimento merecido.
não é fácil, porém, esquecer
(perdoar)
o movimento rasante dos teus olhos sobre os meus,
sobre o abismo em mim mais temido
e a sede do teu corpo apagando, linha a linha,
o contorno dos meus dias.
Cláudia Santos Silva