segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Contra o esquecimento a estória ____________
porque me causa vertigens a caligrafia do medo.

Arquejo nestes relançamentos de discurso
— não sei se disse que eram pêndulos os braços.
Se fui eu a nomear a asfixia dos corpos,
o veneno,
o desejo feito carne nas minhas mãos.

Digo-te: estas são as minhas mãos de hoje.
Teço.

Por trazer este nome entre os lábios
tremo
e portanto, nada que se assemelhe a um grito,
antes algo subtil e precário como um traço,
este que traço em redor do teu corpo amado e perdido.

E nisto cego-me obstinadamente.
Engulo com as minhas mãos,
da fonte que cicia a ternura a irromper das águas,
o grito e a vontade de gritar.


Marta Chaves