segunda-feira, 11 de outubro de 2010

nota introdutória ao quarto número da revista

Escreve, não como se tivesse que ser, não tem, nem como se fosse essencial, porque não é, mas escreve por gosto, inocentemente, como por brincadeira. Dá-lhe o espaço e o tempo para que se torne séria. E lê, isso sim, de forma criminosa. Persegue, agride, assalta e possui – nisso sê violento. Levanta esse gosto bem alto, acende-te silenciosamente, não por alguma coisa ou alguém, mas só por isto, estas palavras estremecendo sobre o peso umas das outras, entornando-se para lá dos contornos desta solidão. Continua.
Como uma sombra que projectaste e que ganhou vontade, a criatura ir-se-á recortando contra a luz e movendo-se entre o tempo perdido, num grito sem voz, repetindo-se para a eternidade como uma espécie que se equilibrou entre a loucura e a beleza.