sábado, 6 de dezembro de 2008

Expresso Actual, 06 Dez 2008. Página 37


Expresso Actual
06 Dez 2008
















CRIATURA, Nº2
(3 estrelas)

Núcleo Autónomo Calíope da Fac. de Direito de Lisboa, 2008, 176 págs., 11€
(ATENÇÃO - a criatura nº2 custa 9€ e não 11€ como diz o artigo)


REVISTA de Poesia, só poesia, por um colectivo que se agita.
por António Guerreiro

O PRIMEIRO número desta revista teve direito a uma recepção atenciosa e, por via de um artigo no «Público» de Luís Miguel Queirós sobre a «nova poesia portuguesa», viu-se colocada num lugar central de discussão do que há de novo na poesia portuguesa.
Agora que saiu o número 2, podemos verificar que a poesia que nela se publica é bastante digna, mas, em geral, não alcança um nível que possa despertar entusiasmos. O primeiro número era, aliás, mais interessante do que este. Os contributos de Diogo Vaz Pinto e David Teles Pereira são aqui os mais sólidos, confirmando aquilo que já se delineava no número anterior. Começa assim o primeiro poema de Diogo Vaz Pinto, reenviando obviamente para Cesário: «Ao entardecer as ruas deixam-se atingir/ pelo que quiseres. Compassivas, legendadas/ para um ameno português, enredam-se/ e vão falindo pelas linhas tortas/ de uma subserviência sentimental». Também em David Teles Pereira encontramos alguns momentos bastante fortes, onde percebemos que há um bom domínio das referências literárias. Nos outros (e isto é muito evidente nos poemas de Alexandre Borges e de Sérgio Lavos) temos sobretudo muito «pathos» e muita «poeticidade».