os pássaros parecem querer morrer à tua porta.
digo-lhes que a terra é redonda
na parede do quarto, que trago amoras
nos bolsos sempre que fecho os olhos.
que atrás das casas
as árvores dormem e fingem o sol quando
em segredo as penso leves e as abraço.
esqueço os canteiros e as luzes da cidade,
falo-lhes da construção da tua boca
quando tens sede, do amor alumínio
que arde nos pulmões. repito a palavra
redonda. às vezes à tua porta. aguardo
as manhãs, cercada no escuro, o que resta
do fruto
enquanto não vens.
Susana Miguel