terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Lógica da Laranja

Cérebro irracional que paira no espaço
Sem saber o que é, o que faz e o que tem
Aparte dos rebentos que dele mesmo brotam
De olhos vendados para a realidade
Culpado da procura do que é o bem
Origem do lógico que nem nele existe
Gerador do absurdo e desnecessário
Quando o nada é que é sempre certo
Mais que ele próprio

Vagabundo que engravidou a Vida
Mas não nos deixa viver em paz
Ponto de partida da existência
Ponto final da sua criação
E linha do ridículo que une esses mesmos pontos

Divindade que fez seus filhos à sua imagem
Coloriu-os de carne e terra, sangue e mar
Mas preencheu-os com pó e estupidez,
Incutindo-lhes um pensamento que anda às voltas
Anos sem conta, para voltar ao mesmo lugar:
A conclusão do vazio

Mundo que desaparece por culpa de quem gerou
Que se transforma nos lugares para onde vai quem o abandona
Inferno que o Homem julgava tão distante
E que é ele, as suas mãos, a sua acção, a sua fogueira;
Pedaço de céu que se irá desfazer
Porque assim dita a lei do universo e não porque o humano o destrói

Coisa que se deixa descobrir
Mas mantém-se virgem no que é:
Na verdade.

Ana Aleixo Lopes